Eu escondi os olhos, simulei um tossir, um engasgo.
Mas, as faces rosadas de um homem são difíceis de enganar.
Os olhos dele penetrados nos meus,
movendo com manejos simples e ritmados minha atenção.
Torci para que desviasse, simulasse um cuspir,
um escarrar, qualquer feição que não a de naja hipnótica.
Em alguns passos sua mão chegaria tão perto do meu pau,
o hálito, se falasse, impregnaria minha barba,
tingiria meus cabelos com anis ou qualquer coisa doce.
Não pude encarar, virei o rosto,
as sacolas que carregava encostaram na minha perna,
ouvi um craquelar plástico, ouvi um expirar profundo e cansado,
penso que talvez pude sentir sua temperatura,
definitivamente senti um certo calor vindo do braço esquerdo.
Passou.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
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