segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Eu escondi os olhos, simulei um tossir, um engasgo.
Mas, as faces rosadas de um homem são difíceis de enganar.
Os olhos dele penetrados nos meus,
movendo com manejos simples e ritmados minha atenção.
Torci para que desviasse, simulasse um cuspir,
um escarrar, qualquer feição que não a de naja hipnótica.
Em alguns passos sua mão chegaria tão perto do meu pau,
o hálito, se falasse, impregnaria minha barba,
tingiria meus cabelos com anis ou qualquer coisa doce.
Não pude encarar, virei o rosto,
as sacolas que carregava encostaram na minha perna,
ouvi um craquelar plástico, ouvi um expirar profundo e cansado,
penso que talvez pude sentir sua temperatura,
definitivamente senti um certo calor vindo do braço esquerdo.
Passou.