terça-feira, 25 de agosto de 2009

11:11

Ontem quase morri de ciúmes.
Quase te matei.
Daí, matei uma árvore que crescia em mim,
que me preenchia.
Os galhos arrancados e as folhas decepadas me fazem falta.
Escorreu uma seiva branca, um pouco venenosa.
Acho que a raiz me segurava ao chão.

Agora, tudo é soltura, solidão.

eu chovia

- Não era assim tão óbvio, era?
- Claro, como luz de relâmpago.

e o céu desabou.
lavou os bueiros,
sujou o mar.

amanhã acorda outro dia, acho.
ou nem vem me acordar.

texto último.

Saiu para comprar cigarros,
saiu para ver o mar,
descobrir as Américas.
Se lançou no hercúleo projeto de viver.
Cometera o passo fundamental, o marco zero, o início.

Em dias muito claros me bate à porta, me chama pelo nome.
Grita tão alto esse outro, que me acorda por dentro.
Se olhasse pela grande angular dos corredores,
veria um gurizinho,
um fedelho de olhos semi-cerrados e sorriso torto que,
sem abrir a boquinha miúda, diria:
vim te ver, me encontrar.